quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pessoas que passam e ficam.

Para além da minha família e dos amigos, uma das pessoas que me deu forças para olhar em frente e ser positiva, e ela é um exemplo disso, foi a Joana, uma rapariga com quem dividi quarto no hospital. Deste os 18 anos que tem surtos sistemáticos, por essa razão infelizmente não pode acabar a faculdade, porque passa muito tempo internada. No entanto é uma doçura de pessoa, uma verdadeira amiga, tem uma alegria contagiante e é uma batalhadora. Fizemos fisioterapia juntas e apoiávamo-nos uma a outra.
Graças a Deus tive uma boa recuperação. Quando recuperei os movimentos correctos da perna, nessa altura já me encontrava em casa, ia todos os dias da Lapa para o hospital dos capuchos a pé. Eu nem acreditava!
Como pequenas coisas nos fazem tão felizes, só quando as perdemos e as recuperamos é que lhes damos o verdadeiro valor. Existem outras que as perdemos definitivamente e lamentamos por não as ter valorizado devidamente na altura certa.
Deixo-vos aqui um poema sobre a Amizade de Fernando Pessoa, poema este que o meu grande amigo Isaac me leu uma vez.
A mensagem é intemporal " não deixes que a vida de passe em branco".

Contradições

Não tenho qualquer preconceito em falar que tenho esta doença, pois não fui a procura dela, ela simplesmente apareceu. Os próprios médicos ainda não conseguem explicar e perceber concretamente, porque razão esta doença se desenvolve no sistema nervoso central, quais as suas causas, porque é mais propícia a um determinado grupo de pessoas e porque surge a uma determinada faixa etária.
A grande maioria das pessoas pensa erradamente, que este tipo de problema surge a pessoas mais velhas, principalmente senhoras depois da menopausa com idade acima dos 50 anos. Isto é pura mentira, pois eu tenho actualmente 25 anos e há um ano e meio fiquei completamente paralisada do meu lado esquerdo do corpo, e foi quando me submeteram a exames e me foi diagnosticada.
Como eu existem muitos jovens da mesma idade e até mais novos. Somos hoje em Portugal mais de 5 Mil e é bem provável sermos alguns milhões no mundo.
Infelizmente há casos e casos e uns piores que outros, mas esta doença sendo imprevisível pois o seu grau de progressão, aumenta ou diminui diversas vezes. Pode-se ter vários surtos num ano como estar vários anos sem os ter.
Na altura em que fiquei paralisada do braço e da perna, fiquei completamente destroçada. No inicio suspeitava-se que poderia ter sido um AVC, o que era impensável devido a minha idade.
Quando se confirmou o que era, foi como se tivesse ficado sem chão e andei algum tempo à deriva.
Tive um mês e pouco internada no Hospital dos Capuchos. Apesar da adversidade da vida, tive a oportunidade de conhecer pessoas extraordinárias neste Hospital, desde equipa de enfermeiros, médicos, auxiliares como pessoas que estiverem também no internamento na mesma altura.

sábado, 17 de julho de 2010

Bem Vindos!!

Antes de mais, quero agradecer todos aqueles que visitarem este blog, e espero ter a oportunidade, não só, de ser visitada e trocar opiniões com os meus colegas de turma, como compartilhar também a minha história,as minhas vivências e os meus pensamentos com pessoas que tenham o mesmo problema que eu.
Apesar de me ter deparado com alguns problemas, como ter ficado desempregada e de ter descoberto que sofria de E.M, não sou pessoa de lhes virar as costas ou de simplesmente os contornar, depois de recuperada do surto, arregacei as mangas e fui a luta.
Decide começar a procurar um curso, para me auto valorizar e valorizar-me profissionalmente.
Actualmente, estou a tirar um curso de técnica comercial e a minha professora de fundamentos de cultura e comunicação, sugeriu que cada um dos formandos fizesse um blog com um tema a sua escolha.
Eu escolhi falar sobre a minha vida depois da E.M, que me foi diagnosticada em Janeiro de 2009, mesmo depois da Passagem do Ano... Que rico começo de Ano!!

AMIZADE

Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos
saudades de todas as conversas jogadas fora, das
descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos
tantos risos e momentos que partilhamos.

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.

Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou
por algum desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...
nas cartas que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Até
que os dias vão passar, meses...anos... até este
contacto se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo....

Um dia os nossos filhos vão ver as nossas fotografias e perguntarão:

"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!

"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!"
A saudade vai apertar bem dentro do peito.

Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrimas abraçar-nos-emos.

Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes
desde aquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a
viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo.....

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não
deixes que a vida te passe em branco, e que pequenas
adversidades sejam a causa de grandes tempestades....

Fernando Pessoa